Este blogue descreve os habitats e testemunha a grande biodiversidade que existe no "Triângulo do Cabo Mondego" - que abrange a área do Estuário do Rio Mondego - Serra da Boa Viagem e Cabo Mondego com recifes - Praia e Dunas de Quiaios e Lagoas de Quiaios. Também pretendemos focar o "habitat" social e ambiental da espécie humana, sobretudo nas suas condições em Portugal.
Sunday, July 14, 2013
Reintrodução de pastoreio na Serra da Boa Viagem ?
Opiniões
Opiniões
Respondi o seguinte ao meu amigo que me mandou o mail:
A grande questão também não me parece o aumento da riqueza neste momento. A grande questão para mim parece ser o problema da demografia, portanto de Malthus. Eu acredito que Thomas Malthus teve razão com a sua teoria e que a população humana pode sofrer depois de atingir a plataforma com 10 biliões de pessoas uma grande queda devido ao esgotamento dos recursos naturais e provavelmente ao grau de poluição ambiental até aí obtido e causado. É isso que vai fazer sofrer a humanidade, não o (não)-aumento da riqueza. Alias, todos os sistemas económicos continuam com a falsa premissa de uma economia de crescimento contínuo, tanto a nossa como a chinesa; e viu-se novamente bem ontém no G20 quando os bancos foram novamente reenforçados para garantir a continuação do crescimento económico.
Alias, visto por um biólogo, o sistema económico parece ter muitas paralelas com uma cadeia alimentar - e neste momento tenta-se regular apenas os "top-predadores". Mas uma cadeia alimentar não funciona de cima para baixo, mas de baixo para cima*. Por isso, onde se tem de começar é na base e não no top. Enquanto os políticos não percebem isso não há nada a fazer.
O relatório que está a sair sobre emissão CO2 é desastroso e por isso o aquecimento global vai ser muito mais rápido do que previsto. Não tenho dúvida que corremos um enorme risco de autodestruição, - mas não pela nossa preguiça, sim pela maneira como consumimos e como vivemos. A concentração de pessoas nas cidades, o abandono da agricultura tradicional, o uso dos automóveis, a mecanização e a informática e a crescente centralização dos poderes económicos que destroem emprego etc.
*Na realidade o modelo hierárquico da cadeia alimentar é ainda um modelo muito simplificado. O que parece existir é de facto uma rede alimentar com muitas não-linearidades e efeitos possivelmente caóticos no meio disso todo, portanto um sistema complexo, extremamente difícil de analisar (veja também: 1 - Palestre sobre linearidades e não-linearidades na Natureza e 2 - Palestre sobre subjectividade e objectividade nas Ciências Naturais). Os sistemas ecológicos e os sistemas económicos assemelham-se sem dúvida nesta complexidade.
Friday, April 12, 2013
Projecto para recuperação do Habitat 6210 da Ser
Projecto para recuperação do Habitat 6210 na Encosta Norte da Serra da Boa Viagem
Horst Engels
(Associação Trilhos d'Esplendor)
Proposta de Projecto para recuperação dos prados do Habitat 6210 - Prados secos seminaturais e facies arbustivas em substrato calcário (Festuco -. Brometalia) (* importantes habitats de orquídeas). Código EUNIS 2002.
O projecto visa uma recuperação de prados secos do Habitat 6210 na Encosta Norte da Serra da Boa Viagem, prados ricos em orquídeas e outros geófitos, que neste momento estão a desaparecer devido ao abandono do pastoreio de gado de cabras e ovelhas e devido à melhor prevenção de incêndios. Também será contemplado com o projecto um melhoramento para o turismo regional.
1. Introdução
A Serra da Boa Viagem é situada por norte de Figueira da Foz - com prolongamento no Cabo Mondego. Ainda mais para Norte começa o cordão dunar de Quiaios, Mira, Gândara e Gafanhas. Esta serra com calcários e margas do Jurássico Médio e Superior é conhecida pela sua riqueza florística e pelo seu valor geológico com espólio rico de fósseis (incluindo algumas pegadas de dinossauros).
Menos conhecido é o valor que esta serra possui pela existência de prados do tipo " Prados rupícolas calcários ou basófilos" (habitat 6110 da classificação do Plano Sectorial da Rede Natura 2000) e " Prados secos semi-naturais e facies arbustivoas em substrato calcário (Festuco-Brometalia) - importantes habitats de orquídeas " (habitat 6210 da classificação Plano Sectorial da Rede Natura 2000) .
Sobretudo os prados semi-naturais da Serra da Boa Viagem devem ter o seu origem pelo pastoreio por gado de ovelhas e cabras, pastoreio que na encosta norte acima de Murtinheira deve ter sido bastante intenso há quase um século atrás. Um pastor desta época contou que tinha cerca de 80 peças de gado na altura.
Vista panorâmica da Encosta Norte da Serra da Boa Viagem
(Clique acima da imagem para ver em tamanho original)
Fig. 1 Encosta Norte da Serra da Boa Viagem (contornado em vermelho: as falésias da serra com mosaicos de prados rupícolas (habitats 6110) intercalados com manchas de prados secos semi-naturais (habitat 6210) no alto da serra; contornado em verde: manchas de prados secos semi-naturais (habitat 6210) na meia-encosta da Serra da Boa Viagem)
Os habitats 6210 e 6110 na encosta Norte da Serra da Boa Viagem
Esta actividade do pastoreio já não existe na Murtinheira e em Quiaios hoje em dia, nem a pesca artesanal com barcos de madeira que se praticava até há pouco nas praias da freguesia de Quiaios.
Neste momento a agricultura desta freguesia concentra-se numa exploração silvícola e limita-se quase totalmente à plantação de pinheiros, choupos, cedros e do eucalípto.
No entanto, biótopos como prados secos semi-naturais com dominância da gramínea Brachypodium phoenicoides podem desaparecer com o desaparecimento do pastoreio se não houver outros factores que regulam o crescimento de matos esclerófilos e/ou de arbustivos e árvores. Com este desaparecimento de paisagens antropogénicas desaparecem também muitas espécies de plantas e de animais que necessitam destes biótopos de formações herbáceas. Em caso dos prados secos são as orquídeas e muitos geófitos que aumentam a biodiversidade dos biótopos e dos ecossistemas em que estão integrados, até ao momento em que estes biótopos deixam de existir.
Parece que este empobrecimento florístico está a acontecer neste momento devido ao abandono do pastoreio e à introdução de espécies de árvores não-autoctonas na Serra da Boa Viagem. Além das diversas espécies de acácias (p.e. Acacia longifolia ) e do eucalipto ( Eucalyptus globulus ), plantas de origem da Australia, foi provavelmente também introduzido há menos de 100 anos o Pinheiro-de-Alepo ( Pinus halepensis ) que está a invadir as encostas da Serra da Boa Viagem.
Também fogos controlados podiam ser aplicados na manutenção dos prados secos e são recomendados pelo ICNB caso que não houver pastoreio, mas também não são aplicados na serra da Boa Viagem. Assim os prados semi-naturais (habitat 6210) provenientes do pastoreio e de fogos naturais estão a desaparecer na meia-encosta desta serra. Nas falésias e nas partes mais altas com fortes declives da encosta, onde predomina uma vegetação rupícola (habitat 6110), a ameaça da invasão pelo Pinheiro-de-Alepo ainda não parece ser tão forte.
Pinus halepensis na Serra da Boa Viagem
Distribuição nativa de Pinus halepensis na Região mediterrânica.
Segundo testemunho de uma pessoa idosa de 78 anos da Murtinheira, havia antigamente muito pastoreio por cabras e ovelhas na costa da Serra da Boa Viagem e a encosta era limpa.
Para a salvação do habitat 6210 dos prados semi-naturais com o espólio rico em orquídeas e geófitos propomos em primeiro lugar uma limpeza mecânica e tirada do mato esclerófilo como das árvores invasoras e uma reactivação da actividade do pastoreio por gado cabras e ovelhas na zona "meia-encosta" da vertente norte da Serra da Boa Viagem, por um lado, para a protecção dos prados e do seu espólio de plantas em vias de desaparecimento, por outro lado, para a reactivação de uma actividade artesanal que aumentava o espectro das actividades agrícolas e o valor turístico desta zona permitindo o comércio de produtos de lã, leite, queijo e carne proveniente do gado de ovelhas e cabras.
Acompanhado por estudos científicos e de monitorização do desenvolvimento fitossociológico das pradarias, podia pensar-se também numa introdução experimental de ovelhas "bravas" da Noruega (Austevoll) ou da Escócia (St. Kilda) ou das "Heidschnucken" da Lüneburger Heide, raças antigas adaptadas ao clima atlântico que se mantêm sem vigia durante todo o ano no campo. Desta forma minimizava-se os custos da manutenção. As falésias formam uma protecção natural contra fugas ou roubos, cercas seriam nececessárias apenas abaixo desta protecção natural.
A Associação "Trilhos de Esplendor" já inventariou a maior parte da flora da Serra da Boa Viagem e disponibiliza esta informação com mais do que 5000 fotografias das espécies de plantas e dos habitats da serra numa folha de cálculo ( Folha de cálculo ) no blogue sobre a " Flora da Serra da Boa Viagem ". O que nos parecia necessário para a viabilidade e o sucesso de um projecto científico seria naturalmente uma cooperação das entidades locais como a Freguesia de Quiaios, e das universidades e de outras instituições nacionais e/ou internacionais.
Fig. 2 Proposta de reintrodução de pastoreio por gado de ovelhas e cabras na meia-encosta da Serra da Boa Viagem (contornado em vermelho: as falésias com mosaicos de prados rupícolas (habitats 6110) intercalados com manchas de prados secos semi-naturais (habitat 6210) no alto da serra; contornado em verde escuro: prados semi-naturais (habitat 6210) ainda existentes e contornado em verde claro: zonas potenciais de pastoreio) .
Para a verificação das imagens no Google-Earth que indicam o desaparecimento das pradarias na encosta da serra da Boa Viagem, fizemos uma caminhada ao longo da encosta norte da serra. As observações feitas no campo confirmaram infelizmente as imagens obtidos no Google-Earth, na realidade a maior parte da encosta está já arborizada com Pinus halepensis e/ou coberto por pequenos arbustivos e matagal como Quercus coccifera, Ulex spec. , Cistus spec. , Phillyrea spec. , Pistacia lentiscus , Smilax aspera etc. (Habitat 5330 ).
Manchas de prados semi-naturais e rupícolas com Brachypodion phoenicoides e com geófitos valiosos e endémicas da Península Ibérica ou mesmo da costa atlântica de Portugal como Iris lusitanica , Anthirrhinum majus ssp. linkianum e Iberis procumbens ssp. microcarpa já são bastante reduzidas e ameaçadas de desaparecer se não houver medidas imediatas da sua recuperação.
2. Faseamento do projecto
1º fase: Criar acessos na Encosta Norte da Serra da Boa Viagem e fazer limpezas mecânicas (duração: 3 meses).
(a) Criar acessos à encosta (recuperação dos trilhos existentes)
(b) Limpeza mequânica e tirada do mato esclerófilo
(c) Construção de novos trilhos turísticos
2º fase: Monitorização fitossociológica de zonas sem limpeza e de zonas com limpeza do Habitat 6210 da Encosta Norte da Serra da Boa Viagem (duração: 1 ano)
(a) Levantamento florístico das espécies (já parcialmente concluido) em toda Encosta da Serra
(a) Delimitação zonas de monitorização
(b) Levantamentos fitossociológicos semi-quantitativos com metodologia de Braun-Blanquet
3º fase (opcional): Introdução de gado de cabras e ovelhas para pastoreio em parcelas com Habitat 6210 da Encosta Norte da Serra da Boa Viagem (duração mínima: 3 anos)
(a) Criar acordos entre a Freguesia de Quiaios com os donos dos terrenos da Encosta;
(b) Criar cercas para introdução de gado de cabras e ovelhas;
(c) Introdução de gado.
3. Entidades e Colaboração no Projecto:
A 1º fase do projecto seria efectuado na responsabilidade da Freguesia de Quiaios com colaboração da Associação "Trilhos d' Esplendor".
A 2º fase pode ser efectuado sob responsabilidade da Associação "Trilhos d'Esplendor" que tem pessoas doutorados com qualificação na matéria. Seria desejável a participação do Instituto de Botânica (Directora: Professora Helena Freitas) da Universidade Coimbra ou da outra universidade.
A 3º fase do projecto pode ser efectuado em colaboração com a "Escola Superior Agrária de Coimbra".
4. Financiamento do projecto
A elaboração do orçamento do projecto será efectuado pelas entidades participadoras no projecto. Outras entidades possíveis de financiamento: Auswärtiges Amt der Bundesrepublik Deutschland (Deutscher Akademischer Austauschdient (DAAD)).
5. Bibliografia
Reintrodução de pastoreio na Serra da Boa Viagem ? - Google Docs
Publicação no Blogue "Habitats do Triângulo do Cabo Mondego (Figueira da Foz)" da Associação "Trilhos d'Esplendor".
Post no blogue: "Habitats do Triângulo do Cabo Mondego (Figueira da Foz)"
Reintrodução de pastoreio na Serra da Boa Viagem ?
Habitats do Triângulo do Cabo Mondego (Figueira da Foz)
habitatsdaserradaboaviagem.blogspot.com/
Habitats do Triângulo do Cabo Mondego (Figueira da Foz) 2 dias atrás – Habitats do Triângulo do Cabo Mondego (Figueira da Foz) ... introduzidas as características específicas da fauna e flora marinha portuguesa.
Flora da Serra da Boa Viagem (Figueira da Foz)
flora da serradaboaviagem .blogspot.com/
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Flora do Triângulo do Cabo Mondego - Serra da Boa Viagem
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6210 Prados secos seminaturais e facies arbustivas em substrato ...
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6210 . Prados secos seminaturais e facies arbustivas em substrato calcário (Festuco -. Brometalia) (* importantes habitats de orquídeas). Código EUNIS 2002 ...
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6110 * Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi
portal.icnb.pt/NR/rdonlyres/95FAC27F-F488-4E8C.../0/6110.pdf
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lychnitidis-Brachypodietum phoenicoidis, habitat 6210 ), com prados anuais neutrobasófilos (Anthyllido lusitanicae-Brachypodietum distachi, habitat 6220) ou ...
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Site da Associação de Protecção Ambiental " Trilhos d´ Esplendor " com sede na Praia de Quiaios, 5080-515 Figueira da Foz.
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