Este blogue descreve os habitats e testemunha a grande biodiversidade que existe no "Triângulo do Cabo Mondego" - que abrange a área do Estuário do Rio Mondego - Serra da Boa Viagem e Cabo Mondego com recifes - Praia e Dunas de Quiaios e Lagoas de Quiaios. Também pretendemos focar o "habitat" social e ambiental da espécie humana, sobretudo nas suas condições em Portugal.

Sunday, July 14, 2013

Opiniões

Opiniões

Por
Horst Engels

Recebi há uns dias esta opinião pelo email de um amigo. Realmente uma opinião muito interessante, aquela opinião do economista chinês. Mas eu penso que é apenas metade da verdade. Leem aquele que o Professor chinês acha sobre a sociedade europeia. Depois permito me dar a minha opinião também.



 Os europeus correm velozmente contra o muro


http://1.bp.blogspot.com/-3fLXWNjMaEE/TWH9oo0GTiI/AAAAAAAAKPM/NPPuA6Utqzs/s1600/Kuing+Yamang%252C+professor+de+economia.jpgOpinião de um professor chinês de economia, sobre a Europa - o Prof. Kuing Yamang, que viveu em França.

1. A sociedade europeia está em vias de se auto-destruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas , ao mesmo tempo, os europeus não querem trabalhar. Só três coisas lhes interessam: lazer/entretenimento, ecologia e futebol na TV! Vivem, portanto, bem acima dos seus meios, porque é preciso pagar estes sonhos de miúdos...

2. Os seus industriais deslocalizam-se porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho na Europa, os seus impostos e taxas para financiar a sua assistência generalizada.

3. Portanto endividam-se, vivem a crédito. Mas os seus filhos não poderão pagar 'a conta'.

4. Os europeus destruíram, assim, a sua qualidade de vida empobrecendo. Votam orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la.

5. Mas, para além de se endividar, têm outro vício: os seus governos 'sangram' os contribuintes. A Europa detém o recorde mundial da pressão fiscal. É um verdadeiro 'inferno fiscal' para aqueles que criam riqueza.

6. Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores.

7. Portanto o seu sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. A deslocalização da sua capacidade produtiva provoca o abaixamento do seu nível de vida e o aumento do... da China!


8. Dentro de uma ou duas gerações, 'nós' (chineses) iremos ultrapassá-los. Eles tornar-se-ão os nossos pobres. Dar-lhes-emos sacos de arroz...

9. Existe um outro cancro na Europa: existem funcionários a mais, um emprego em cada cinco. Estes funcionários são sedentos de dinheiro público, são de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, estão muitas vezes em greve. Mas os decisores acham que vale mais um funcionário ineficaz do que um
desempregado...

10. (Os europeus) vão direitos a um muro e a alta velocidade...


Respondi o seguinte ao meu amigo que me mandou o mail:

Concordo em parte com a opinião deste professor. Mas era bom se os europeus e todos os restantes habitantes do mundo se interessassem verdadeiramente para a ecologia e praticassem a de forma sustentável.
A grande questão também não me parece o aumento da riqueza neste momento. A grande questão para mim parece ser o problema da demografia, portanto de Malthus. Eu acredito que Thomas Malthus teve razão com a sua teoria e que a população humana pode sofrer depois de atingir a plataforma com 10 biliões de pessoas uma grande queda devido ao esgotamento dos recursos naturais e provavelmente ao grau de poluição ambiental até aí obtido e causado. É isso que vai fazer sofrer a humanidade, não o (não)-aumento da riqueza. Alias, todos os sistemas económicos continuam com a falsa premissa de uma economia de crescimento contínuo, tanto a nossa como a chinesa; e viu-se novamente bem ontém no G20 quando os bancos foram novamente reenforçados para garantir a continuação do crescimento económico.
Alias, visto por um biólogo, o sistema económico parece ter muitas paralelas com uma cadeia alimentar - e neste momento tenta-se regular apenas os "top-predadores".
Mas uma cadeia alimentar não funciona de cima para baixo, mas de baixo para cima*. Por isso, onde se tem de começar é na base e não no top. Enquanto os políticos não percebem isso não há nada a fazer.
O relatório que está a sair sobre emissão CO2 é desastroso e por isso o aquecimento global vai ser muito mais rápido do que previsto. Não tenho dúvida que corremos um enorme risco de autodestruição, - mas não pela nossa preguiça, sim pela maneira como consumimos e como vivemos. A concentração de pessoas nas cidades, o abandono da agricultura tradicional, o uso dos automóveis, a mecanização e a informática e a crescente centralização dos poderes económicos que destroem emprego etc.


*Na realidade o modelo hierárquico da cadeia alimentar é ainda um modelo muito simplificado. O que parece existir é de facto uma rede alimentar com muitas não-linearidades e efeitos possivelmente caóticos no meio disso todo, portanto um sistema complexo, extremamente difícil de analisar (veja também: 1 - Palestre sobre linearidades e não-linearidades na Natureza e 2 - Palestre sobre subjectividade e objectividade nas Ciências Naturais). Os sistemas ecológicos e os sistemas económicos assemelham-se sem dúvida nesta complexidade.

3 comments:

  1. Olá Engels!
    São interessantes os pontos de vista do professor chinês,embora me pareçam muito simplistas. A sua resposta pareceu-me muito pertinente. Penso que, no fundo, ambos têm razão. Será que ainda vamos a tempo de inverter essas situações e impedir as catástrofes que a humanidade está a incubar? Beijinhos da sua vizinha dos dias de verão.

    ReplyDelete
  2. Ola Isabel.
    Sim, dou lhe razão. Também penso que a opinião do professor Chinês é muito simplista e não correcto em alguns pontos. Na Alemanha está a formar-se neste momento uma nova classe de trabalhadores "pobres" (embora ainda muito menos pobres do que em Portugal! comparado com os ordenados que têm). Mas estas pessoas são pobres apesar de trabalharem sem descanso (segundo um artigo da revista "Der Spiegel" da semana passada.

    ReplyDelete
  3. Em relação à sua pergunta - se temos salvação? Não sei responder porque não consigo prever o futuro. Apenas posso alertar a opinião de muitos cientistas e ecologistas que teimam um colapso demográfico devido às limitações de recursos naturais inerentes no Mundo e da nossa maneira de lidar com estes recursos limitados. E segundo estes cientistas, de 9 factores determinantes e limitantes do bem estar na terra 4 já serão irremediavelmente ultrapassados (veja -> Planetary Boundaries na Wikipédia).

    Podemos construir muitos cenários. Um que eu construia é o seguinte:
    "Estamos actualmente numa crise económica que já pode ser um primeiro sinal de um futuro colapso. Também, o que talvez aconteça agora é uma redistribuição das riquezas à nível mundial. É o dividir de riquezas limitadas a qual o Professor Chinês se opõe. Mas na minha opinião está partilha é justa e talvez também inevitável devido à uma simples razão: a produção e divisão das riquezas depende do saber. E o saber é cada vez mais um bem comum devido às possibilidades da sua comunicação e distribuição. São as novas tecnologias que possibilitaram esta democratização do saber. Por isso, a distribuição e partilha das riquezas vai continuar - e se entendo bem o Professor Chinês, ele também concorda com ela (deste que as pessoas trabalham para a sua produção)! Felizmente a distribuição das riquezas começou à nível mundial. Localmente observam-se no entanto tendências inversas."

    Evitar uma catástrofe demográfica é outro assunto - e lembrar-se de velhos valores de ética e moral ainda outro - talvez posso lembrar Kierkegaard para o último.

    ReplyDelete

Followers